Situação da Mineração no Brasil.

05/07/2013 11:41

MINERAÇÃO - Vale obtém licença para instalar mina de US$ 20 bi em Carajás

 

Folha de sao paulo,

DO RIO - A Vale anunciou ontem que obteve a licença ambiental de instalação de sua nova mina em Carajás.

Trata-se da última etapa no processo de licenciamento. O aval final do Ibama veio um ano após a mineradora conseguir a licença prévia.

Com previsão de entrar em operação no segundo semestre de 2016, a mina é a grande aposta da Vale para ampliar sua produção, estagnada nos últimos anos, e ganhar mercado sobre as concorrentes australianas BHP e Rio Tinto --cuja extração de minério é crescente, o que as fez roubar participação de mercado da mineradora brasileira.

A Vale investirá, ao todo, US$ 8,1 bilhões na mina. Outros US$ 11,6 bilhões já estão sendo aplicados na parte logística, com a duplicação da ferrovia de Carajás e a ampliação da capacidade do porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA).

O projeto de Carajás prevê uma produção de 90 milhões toneladas por ano, capacidade total que só será atingida em 2018.

 

Ibama autoriza maior projeto de mineração da história da Vale

 

Por André Borges e Francisco Góes | De Brasília e do Rio- valor economico 4 jul 13

A Vale obteve a peça que faltava para levar adiante o projeto de minério de ferro S11D, na Serra Sul de Carajás, no Pará, o maior empreendimento da história da companhia com investimentos totais estimados em US$ 19,6 bilhões. Ontem o presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior, assinou a licença de instalação do S11D, conforme adiantado, ainda pela manhã, pelo Valor PRO, o serviço de informações em tempo real do Valor.

A licença de instalação emitida pelo Ibama faz parte da segunda fase de licenciamento do S11D e permite o início das obras de construção da usina que vai processar o minério. "Parte da licença [ambiental] para o projeto já havia sido concedida, faltava somente a parte da mina, do processamento", disse Vania Somavilla, diretora-executiva de sustentabilidade da Vale. O S11D é um projeto integrado entre mina, ferrovia e porto que vai produzir 90 milhões de toneladas por ano a partir do segundo semestre de 2016. Dos US$ 19,6 bilhões, US$ 8 bilhões serão aplicados na mina e na usina e US$ 11,5 bilhões em logística.

"É o maior projeto da Vale e também o maior na indústria de minério de ferro", reafirmou o presidente da empresa, Murilo Ferreira. Ele previu que o S11D vai atingir plena capacidade de produção em 2018. O S11D será importante para a Vale aumentar a produção no sistema norte para 230 milhões de toneladas por ano a partir de 2018. Além do S11D, a companhia tem projeto para adicionar 40 milhões de toneladas por ano em Carajás, previsto para começar a operar no fim deste ano. Em 2012, a empresa produziu 107 milhões de toneladas no sistema norte.

Ferreira afirmou que o minério do S11D é de boa qualidade, capaz de aumentar a produtividade da indústria siderúrgica e, por isso, será disputado por clientes na Europa e na Ásia. Ferreira afirmou que o investimento no projeto se justifica mesmo com a perspectiva de crescimento menor da siderurgia: "Se o mercado de siderurgia não vai crescer na mesma exuberância de 6% como vinha crescendo, se crescer simplesmente 3%, será preciso mais 40 milhões de toneladas por ano de suprimento."

A Vale também definiu o modelo do financiamento para o projeto. Luciano Siani, diretor-executivo de finanças, disse que os desembolsos do S11D vão se dar ao longo de cinco anos, com maior concentração em 2014 e 2015. Siani disse que a empresa trabalha com a expectativa de contar com o apoio do BNDES para o projeto. Mas a Vale também considera o interesse de agências de crédito internacionais no projeto, como JBIC, KFW e EDC.

A emissão da licença de instalação ocorre dois meses após a Vale obter autorização para construir o ramal ferroviário que ligará a mina de Serra Sul até a Estrada de Ferro Carajás (EFC), também controlada pela companhia. A construção desse ramal é fundamental para viabilizar o escoamento da produção adicional de Carajás. A partir da EFC, o minério seguirá por malha de 504 quilômetros até chegar ao terminal portuário de Ponta da Madeira, no Maranhão. O projeto S11D vai ampliar a extração e beneficiamento de minério no Complexo Minerador de Carajás, que está em operação desde 1985 nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, no Pará.

Ao todo, 13 técnicos do Ibama participaram do processo de licenciamento que permite a instalação do projeto. As avaliações ambientais resultaram na redução da área de desmatamento, que caiu de 2.591,5 hectares para 1.491,89 hectares. As exigências impostas pelo Ibama também incluíram a substituição do método convencional de lavra mineral, que costuma se apoiar em um forte fluxo de caminhões. No empreendimento, a Vale vai utilizar uma metodologia conhecida como "truckless", que se baseia na utilização de esteiras e máquinas modulares para viabilizar a logística da mina. O licenciamento também exige a preservação integral de lagoas da região. "O projeto segue os mais modernos conceitos de sustentabilidade", disse Vânia Somavilla. O processamento do minério será a seco, dispensando as barragens de rejeitos. A Vale terá que pagar uma taxa de compensação ambiental, cobrada pelo Ibama para qualquer tipo de empreendimento com impacto no meio ambiente. A taxa do S11D foi fixada em 0,5% do preço de referência estimado para o projeto, percentual mais alto utilizado na compensação. O valor estipulado chegou a R$ 47,6 milhões.

 

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