Nome: Associação dos Remanescentes de Quilombo do Bairro Porto dos Pilões.

 

Fundada em: 02 de maio 1998.

 

Publicação RTC: D.O. E – Diário Oficial do Estado; Poder Executivo, Seção I, São Paulo, 108 (235), sexta-feira, 11 de dezembro de 1998 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8.

 

RTC - Relatório Técnico Científico de identificação étnica e territorial dos remanescentes de Quilombo feito pela antropóloga Cleyde Rodrigues Amorim e equipe técnica da Assessoria de Quilombos do ITESP - Instituto de Terras do Estado de São Paulo, que se fundamenta e transcreve parte do Laudo dos Antropólogos Deborah Stucchi, Miriam de Fátima Chagas, Sheila dos Santos Brasileiro e Adolfo Neves de Oliveira Junior.

Memorial Descritivo: Perímetro 31º e 35º de Apiaí 

                                     Município Iporanga

                                     Gleba: Quilombo Pilões         

                                     Área: 6.222,3005 ha

 

Reconhecimento pela FCP – Fundação Cultural Palmares:  25 de novembro de 2005.

 

HISTÓRIA DO QUILOMBO PILÕES

Antigo limite de Freguesia, Pilões é mencionado no Livro de Tombo da Paróquia de Xiririca, que registra, em sua página 22, os “Termos Dividentes, Extensão e Nomes dos Bairros, e Lugares d’Esta Freguesia”, onde se fala, em seu parágrafo primeiro, sobre o bairro:

“O Ribeirão dos Pillões, inclusive da parte superior,e a pedra grande chamada Fortaleza, e na língua da terra Iyquyá, inclusive da parte inferior, são os termos demarcantes d’esta Estolla, ou Freguezia de Nossa Senhora da Guia de Xiririca, a respeito das Freguezias suas vizinhas limítrofes, que são a Villa de Apiahí, e a Villa de Iguape, devendo por conseguinte abranger todos os rios que desaguão dentro das mencionadas demarcaçõens...” A antiga divisa das Freguesias de Xiririca e Apiaí deslocou-se do ribeirãodos Pilões para mais rio abaixo, de forma que ambos os bairros, Maria Rosa e Pilões, passaram a pertencer ao distrito de Iporanga, e, a partir de 1873, ao municípiode mesmo nome.

No Livro de Tombo da Paróquia de Xiririca aparece como o último dos cinqüenta e quatro bairros, sendo a origem do seu nome assim explicada: “Pilloens, Ribeirão. Bairro e Demarcação superior. O nome desse caudaloso rio, cheio de cachoeiras, provem ao que dizem, de achar-se n’aquelles tempos antigos hú pilão de madeira/ou no mato, ou no mesmo rio.”

Diferentes histórias contam, porém, os moradores do lugar. Um relato da origem do bairro preparado em 1991 por Pedro Rodrigues, um de seus moradores, a pedido de sua mãe Antonia Vitalina de Oliveira, então a moradora mais velha dali, já falecida, é bastante esclarecedor não somente sobre o seu surgimento mas também sobre as transformações porque ele passou em tempos recentes, merecendo ser citado na íntegra:

Porto dos Pilões

Chama-se porto dos Pilões porque existia muitos buracos nas pedras de rio igual a um pilão. Assim dizem os povos mais antigos, pois hoje não existe mais. Em 1678 mais ou menos [calculado pelo informante a partir das idades presumidas de sua avó e bisavó ao morrerem, 115 e 131 anos, respectivamente] quem morava aqui era o senhor Lino e sua mulher dona Quentim. Dona Quentim foi a primeira parteira da região e mais tarde ficou conhecida como Mãe Quentim, pois era a mãe mais velha da região. Assim foi formado um povoado de muitos moradores, mais até mesmo do que hoje. O povo trabalhava com lavoura como o milho, arroz, mandioca, canade-açúcar; engordavam porco e levavam para vender em Faxina, que é hoje Itapeva, gastavam até quinze dias de viagem tocando porco, levavam cargueiro de mantimentos e ‘virado’ para comer na viagem; outros levavam rapadura, melão, doce de laranja e de gengibre para vender em Capão Bonito, onde trocavam por queijo e tecido. Os moradores não usavam nem sapato nem remédio de farmácia, seus remédios eram raízes e ervas. Curavam também mordida de cobra com simpatia, como existe até hoje. O meio de transporte era a canoa, a cavalo ou a pé, era muito precário, gastava até dois dias de viagem para chegar até a vila (Iporanga).

Hoje o bairro tem menos gente do que naquela época, pois saíram muitas pessoas para a cidade à procura de emprego, a maioria foi plantar tomate. De pouco a pouco está se levantando o bairro novamente, mas acho que não mudou nada, pois continuam as mesmas famílias, não tem ninguém de fora. Existia o inspetor de quarteirão, escolhido pelo chefe da vila [Iporanga]. O inspetor de quarteirão era quem comandava o bairro, o que ele falava o povo atendia, fazia até

prisão e levava a cidade e era atendido.

13 O núcleo central do bairro de Pilões situa-se na barra do ribeirão Itacolomi com o ribeirão dos Pilões

Fonte: RTC ITESP 2006/2007.